quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Calor

(Por onde começo... Aliás, como se começa...) Desculpe, isso não é com você. Não. (?) É! Na minha cabeça não é, mas acho que é. Tá. Por onde começo. (?) Tinha uma barata. Será que a ideia da barata cola? Quer dizer, prende? Dizem que é preciso prender o leitor, afinal as pessoas não tem mais tempo (lê-se: saco) para textos complexos e extensos, pois vivemos num mundo globalizado, sociedade da informação e blá blá blá. Realmente. Isso não prende. Chato. Não posso simplesmente pedir (?): fica comigo! Já pedi isso pra alguém e ele não quis. (Passou). As pessoas não querem pessoas inconvenientes pedindo para que elas fiquem. Quem quer ir embora, vai. (Curei). Desculpe se fui inconveniente. (Fica comigo). Tá... Uma barata. Eu me pergunto como essa mulher conseguiu transcender matando uma barata. Eu mato aos montes aqui em casa e nada. Talvez um outro bicho... (Epifania). Entendi! Posso dizer então, Clarice (Espectro), que já transcendi meu céu e inferno num bicho. Morto. Ok. (Fica comigo). Como eu termino? Relacionamentos duradouros, como o nosso, (aquele que lê) são estranhos. Só sobrou você aqui comigo. Dizem que sobra (barra) resto é feio. Eu acho bonito. É aquilo que fica. Insiste... Isso não foi uma declaração barata (!) de amor. Não. Também não foi um jogo barato (?) de palavras. Só quero terminar. Esse podia ser o final... Ou esse! Ou esse. (Mais seco) Não! Espera. Estava no escuro do meu quarto quando achei que havia pingado Neosoro (pecado) no meu nariz. Era colírio. Desentupiu! Uma descoberta incrível se acha é em horinhas de descuido. O Guimarães diz que é a felicidade. Eu não. (Epifania). Os dois tem razão. Por motivos óbvios. Todo mundo tem suas razões. (Fica comigo). Moura Brasil. Aquele do frasco azul. Desculpe, esse tempo todo juntos e quem é você? Ela provou o pus branco que saiu da barata morta e transcendeu. Bíblia. Esse livro pra (eu me incomodo escrevendo 'pra') mim é Sagrado. Meu evangelho. Minha bíblia. Esse e mais um. (Monte). Enquanto escrevo, me ouço. (Ovo). Sim, Espectro! Ovo visto, ovo perdido. Acho que (me) perdi. Desculpe. Preciso terminar, pois um texto longo e chato assim não tem efeito. E o que quero é efeito. Tipo frase de efeito. 'Entender é a prova do erro'. Da Espectro. Do ovo da Espectro. Frase de efeito não se entende. Só sente o efeito. Por favor, não use essa frase no fim daquele programa de entrevista. Eu escolhi primeiro. Grata. Alguém sabe quais os efeitos colaterais quando pingo colírio no nariz? Falando em nariz me lembrei do Machado. Do faquir. (Assis). Chega. (Essa era boa) ... Como começo? (Fica comigo) Não! Termino. Com uma pergunta. Sim. A pergunta em si já se define. Em si é a solução. Explica a sua própria definição. Enuncia seu próprio desfecho. Ou seja, já é em si mesma a resposta. Meu mais novo passatempo. Perguntar. Por isso criança é ser sublime. Não buscam respostas. Se divertem fazendo perguntas. A gente grande esqueceu. Aonde quero chegar? Não. Você. Eu vou-me embora pra Macondo. Lá sou amiga de uma barata. Lá tenho meu colombiano preferido. Dentre tantos latinos. Um português também. (Dois). Um (em três) acredita tanto. O outro; (quase) nada, apesar de mago. Chega. Como termino? Fica comigo. Nesse dia quente. As baratas. Dia perfeito para saírem. Tem gosto de camarão. Nunca experimentei. (Ainda). Com o abraço e as veias do meu uruguaio preferido (Dois). Um dia abdico do planeta em favor das baratas. Capaz de fazerem bom proveito.

Carol Rodrigues [ou seria Carolina?].

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