EXPECTO PATRONUM!

Era aquela menina magrela do cabelo armado, que vivia de rabo-de-cavalo pintando as unhas da mão. Menina do pé descalço e desengonçada que não se conformava em ser tão alta, mas mesmo assim achava graça no sapato de salto da mãe. Era uma menina a brincar sozinha, criando e inventando personagens, escutando risos e barulhos de um mundo passageiro.

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Foi aquela moça medrosa, que tentava descobrir o mundo pelos olhos dos outros e guardava as sensações para hora do sonho. Moça cobrada nos estudos, pois a falta de genialidade, dádiva dos irmãos, lhe aguçava o suor e o esforço de aprender.Foi uma garota ainda desengonçada, que se lamentava da calça jeans-sempre-curta, mas que frente ao espelho não tinha medo do sorriso de ferro. Moça feliz, de amigas indispensáveis, que sempre chorava de canto ao ouvir o “não” de Dona Vânia. Uma garota que sonhava alto demais e ainda acreditava na disposição moral legítima de cada um.

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Hoje dizem que ela é uma mulher [resta acreditar]. Ela é “saudade” e sabe que isso está diretamente ligado à maturidade. Sim, ela continua elaborando suas teorias desconexas... Uma mulher que não acha cada dia igual, sempre deixa a porta aberta e já tem sócia e cúmplice para um desejo excêntrico. Ela não consente elogios e se dispersa tentando achar justificativas para cada provação. Uma mulher que aprendeu replicar o senso comum, e mesmo assim tolerar o insensato. Ela ainda é desajeitada e medrosa, quase sempre se cala, perde a força das pernas ao rir e range os dentes ao dormir. Ela lê os astros todos os dias, sempre se encanta com Os Maias, nunca se cansa d’As Horas. Uma mulher que apesar das feridas aplica anti-mágoa-séptico todos os dias e aprendeu a denotar o AMOR com reticências. Ela que não faz notar suas emoções, não é dada a frivolidades, mas é consciente. Uma mulher que também "gostaria de ser lembrada como alguém que fez o que pode com o talento que tinha."

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[Carol Carolina]

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